CANNES - Naoh dou noticias desde ontem ah noite, quando anunciei que estava indo ver o novo Lars Von Trier. Imagino que muitos de voces estejam querendo saber o que achei do filme. Se Lars queria provocar polemica ou fazer barulho na Croisette, conseguiu. Estou me furando - comeco exatamente assim minha materia de amanhah no `Caderno 2`. Vamos mudar, para naoh ficar repetindo. Sorry estar escrevendo como no orkut, mas se nem o tecnico da sala de imprensa conseguiu trocar meu teclado, eh pegar ou largar. Ou escrevo o que estou logo querendo dizer desse jeito ou fica para depois. Naoh aguento esperar. Lars Von Trier tem essa obsessaoh por chocar, provocar, dah vontade de ir logo esculhambando com ele. A cena deve estar no You Tube.
`AntiChrist` foi vaiado nas duas sessoes ontem ah noite. Registro o fato, mas ateh que naoh lhe dou muita importancia. Grandes filmes que hoje fazem parte da historia do cinema =- `A Aventura`, de Michelangelo Antonioni - foram vaiados aqui mesmo em Cannes. Seja como for, havia a expectativa de uma coletiva tensa. Foi punk. Um jornalista afro-ingles comecou a baixaria. Abrindo a coletiva ele foi logo cobrando explicacoes, perguntando ao diretor por que fez o filme e pedindo que o traduzisse para o publico, sem conversa fiada, jah que ninguem havia entendido o que ele queria dizer (naoh eh verdade). Lars disse que nao era obrigado a explicar coisa nenhuma. O cara insistiu. Perguntou quem ele achava que era - o melhor diretor do mundo? Lars, tremendo, entrou no clima e disse que, sim, eh o melhor diretor do mundo. Eh o tipo de declaracaoh presuncosa, que tende a ser mal recebida.
Mas no dossieh de imprensa ele naoh eh taoh arrogante assim. Diz que escreveu `Anti-Christ` ao cabo de uma crise de depressaoh, quando se sentia impotente para criar. E, no material de imprensa, admite que fez o filme abaixo de sua capacidade intelectual. `Anti-Christ` comeca com um casal trepando (desculpem a linguagem). Detalhe de penetracaoh e tudo. Jah que eh provocacaoh contra plateias burguesas, dah vontade de perguntar se as partes envolvidas na cena saoh mesmo as de Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg. Ele tem cara de quem toparia tudo pela arte. Ela, nem tanto, mas Charlotte confessou que se entregou nas maos do diretor, numa experiencia `masoquista` - segundo ela - que foi intensa mas naoh taoh dolorosa. A pergunta deve-se ao fato de que, com todo o rigor do Dogma, quando filmou uma cena de sexo em `Os Idiotas`, Lars substituiu os envolvidos por atores de filmes pornoh, o que prova que o tal Dogma tem espaco para o artificio, sim. Enfim, enquanto o casal faz sexo, seu filho morre, desencadeando um processo de culpa.
Eh o prologo de `Anti-Christ`, que tem tres capitulos, intitulados `Dor`, `Luto` e `Desespero, mais um epilogo, durante os quais acompanhamos a crise do casamento apos a mortte do filho e a descida de marido e mulher ao inferno, que Lars Von Trier situa na natureza, na medida em que boa parte do filme se passa numa cabana na floresta. Rapina de animais, arvores que se destroem - e e se o Diabo, naoh Deus, tiver criado o homem a sua semelhanca? Eh a tese de `Anti-Christ`. Menos ateh do que naoh gostar, naoh me impressionei com o filme. Acho aquilo tudo meio infantil e a psicanalizacaoh, entaoh, me pareceu de quem leu Freud na orelha de algum manual de psicanalise para principiantes. Sem entrar em detalhes, numa cena Charlotte Gainsbourg pega uma tesoura e corta o clitoris. Hah 37 anos, aqui mesmo em Cannes, Bergman mostrou uma cena dessas a serio, e muito mais forte, em `Gritos e Sussurros` - com Ingrid Thulin, lembram-se? Acho que Lars Von Trier ficou muito `self conscious` da sua importancia. `Dancando no Escuro` era mais filme de horror para mim - embora esteja repetindo aqui o que me disse pela manhah Kleber Mendonca. Meu Lars Von Trier preferido continua sendo `Ondas do Destino`, quando ele ainda naoh estava preocupado em reinventar o cinema ah luz das novas tecnologias.
Um comentário:
EU SOU O MELHOR DIRETOR DO MUNDO - TRIER, Lars Von
bizarro, ele tá ficando maluco.
mas a trilogia [inacabada] dele e Dançando no escuro são obras primas.
Europa é estarrecedor também.
Mas não gosto de Idioterne. e não vi "ondas do destino".
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