terça-feira, março 10, 2009


O Cinema De Chantal Akerman

Data: de 4 a 22 de março de 2009

No Brasil, o trabalho de Chantal Akerman ainda é praticamente desconhecido pelo público. Entretanto, com mais de 40 filmes, entre ficção e documentário, Akerman é considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes cineastas da atualidade.

O rigor formal de seu trabalho se alia a um estilo de narrativa que privilegia a inserção de um olhar pessoal e se deixa atravessar por traços autobiográficos. A opção da artista por planos longos, o rigor de seus enquadramentos e as narrativas autobiográficas inserem sua obra na tradição de um cinema de resistência aos padrões do cinema industrial.

No plano temático, a cineata privilegia questões políticas, de identidade e de sexualidade. Seus filmes, em especial os realizados entre os anos 70 e 80, contribuíram para os estudos sobre cinema e feminismo.

10 de março (terça-feira)
19h30 -
Conversa com a diretora Chantal Akerman

11 de março (quarta-feira)
15h30 -
Toda uma noite
17h30 - Tenho fome, tenho frio (sem legendas) + Os anos 80
19h30 - Golden Eighties

12 de março (quinta-feira)
17h30 -
Noite e dia
19h30 - Toda uma noite

13 de março (sexta-feira)
17h30 -
Hotel Monterey
19h30 - Os encontros de Anna

14 de março (sábado)
15h30 -
Hotel Monterey
17h30 - Os anos 80
19h30 - Golden Eighties

15 de março (domingo)
16h -
Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles
19h30 - Noite e dia

18 de março (quarta-feira)
16h -
Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (exibição em DVD)
19h30 - Exploda minha cidade + Eu Tu Ele Ela

19 de março (quinta-feira)
17h30 -
Notícias de casa
19h30 - A prisioneira

20 de março (sexta-feira)
17h30 -
Exploda minha cidade + Eu Tu Ele Ela
19h30 - Notícias de casa

21 de março (sábado)
16h30 -
Mesa Redonda: O cinema de Chantal Akerman (Com Ismail Xavier e Ivone Margulies)
19h30 - A prisioneira

22 de março (domingo)
17h30 -
Retrato de uma garota do fim dos anos 60 em Bruxelas
19h30 - Os encontros de Anna


Sinopses: O Cinema De Chantal Akerman

A prisioneira (La captive)
França-Bélgica / 1999 / 35mm / cor / 107 min / 16 anos

Simon ama Ariane perdidamente. Quer saber tudo sobre ela, sem deixar escapar nada. Essa necessidade incontrolável de possuir e de conhecer por completo a pessoa amada o obceca: ele a interroga, a espia, a segue, a mantém reclusa na prisão dourada de seu luxuoso apartamento parisiense. A atração de Ariane pelas mulheres apenas aguça seu ciúme cego e também seu desejo. Adaptação de A Prisioneira de Proust, La captive registra magistralmente o mistério e as contradições do desejo e do sentimento amoroso.


Chantal Akerman por Chantal Akerman (Chantal Akerman par Chantal Akerman)
França / 1996 / vídeo / cor / 63 min / Livre

Ninguém melhor que Chantal Akerman para fazer um filme sobre Chantal Akerman. A cineasta, à maneira de Godard, não deixou de refletir em seus filmes sobre sua relação com as imagens, de colocar em cena seu próprio trabalho. Chantal Akerman não nos oferece um auto-retrato, antes, encara o exigente espelho de suas imagens. A revisão é uma oportunidade para delimitar os núcleos que operam no interior de sua obra, como a transgressão e a duração. Filme realizado para a série de televisão Cinéma de notre temps.


Carta de uma cineasta: Chantal Akerman (Lettre d’une cineaste: Chantal Akerman)
França / 1984 / vídeo / cor / 8 min / Livre

Filme realizado para o programa de televisão Cinéma, cinéma, que encomendava regularmente a um cineasta uma carta cinemtográfica. Chantal Akerman filmou a sua em 1984, enquanto trabalhava em sua futura comédia musical Golden Eighties. Em tom de farsa, Akerman enumera tudo que é necessário para fazer um filme: levantar-se, vestir-se, comer, ter atores, uma equipe E o mostra literalmente: ela e sua atriz se levantam da cama, se vestem, comem Um auto-retrato humorístico.


Do leste (D’est)
França-Bélgica / 1993 / 16mm / cor / 110 min / Livre

Após a queda do muro de Berlim, a câmera de Chantal Akerman, tal qual um sismógrafo, se propõe a registrar, em longos travellings, o devir destes países libertos de si mesmos, entre uma utopia que desmoronou e um futuro que parece impossível.


Do outro lado (De l'autre côté)
Bélgica / 2002 / vídeo / cor / 102 min / Livre

A areia do deserto, uma cidade que parece uma cidade fantasma. Um muro, as paliçadas. A fronteira que separa os Estados Unidos do México. Apesar dos perigos, os mexicanos tentam chegar do outro lado, para fugir da miséria. Os que conseguem chegar com vida, acabam sendo párias, exilados ou explorados.


Exploda minha cidade (Saute ma ville)
Bélgica / 1968 / 35mm / p&b / 13 min / 16 anos

1968. Chantal Akerman, aos18 anos, inaugura sua obra dinamitando seu pequeno apartamento de um só cômodo. Um protesto burlesco contra as tarefas domésticas, com ares de maio daquele mesmo ano: desfazer a comida, sujar as paredes, cobrir os joelhos com cera de engraxar sapatos, até à explosão final.


Eu Tu Ele Ela (Je Tu Il Elle)
Bélgica-França / 1975 / 35mm / p&b / 90 min / 16 anos

O título marca os quatro tempos do filme. Eu: uma jovem mulher que tem fome, que tem frio, que pouco a pouco esvazia sua casa de seus objetos inúteis, um pouco como se esvaziasse a alma de suas angústias. Tu: comendo açúcar de colher, ela escreve cartas a um(a) destinatário(a) desconhecido(a). Ele: após várias semanas a reescrever cartas, ela sai pela noite e conhece um caminhoneiro que lhe fala sobre seu desejo, sua relação com as mulheres. Ela: no meio da noite, a jovem vai à casa de uma amiga, que primeiro a expulsa, depois compartilha com ela sua comida e sua cama.


Golden Eighties (La galerie)
França-Bélgica-Suíça / 1986 / 35mm / cor / 96 min / Livre

No universo elegante e colorido de uma galeria, entre um salão de beleza, um café, um cinema e uma loja de roupas de confecção, funcionários e clientes vivem e se ocupam apenas do amor: o sonham, o declaram, o cantam, o dançam. Encontros, reencontros, traições, paixões, desfechos. Conjugando todas as formas de sedução e de sentimento amoroso, as histórias se cruzam e se entrecruzam.


Histórias da América: Comida, Família e Filosofia (Histoires d’Amérique: Food, Family and Philosphy)
França-Bélgica /1988 / 35mm / cor / 92 min / Livre / exibido em beta

Em Nova Iorque, num terreno baldio em frente à ponte de Williamsburg, homens e mulheres, jovens e idosos, se colocam diante da câmera, em planos fixos, e contam suas histórias de imigrantes judeus sobreviventes do Holocausto. Entre a memória e o esquecimento, seus trágicos relatos falam também da esperança, do irrisório e do desejo de uma vida melhor.


Hotel Monterey (Hotel Monterey)
Bélgica / 1972 / 16mm / cor / 63 min / Livre

Filme sem enredo, Hotel Monterey é constituído por uma fragmentária descrição do lugar homônimo, desde o hall até o último andar, subindo pelo elevador: planos fixos nos corredores, lentos travellings enquadrando portas e janelas, e uma grande panorâmica final que segue a linha do horizonte entre o céu e os edifícios.


Jeanne Dielman, 23, Quai de Commerce, 1080, Bruxelles (Jeanne Dielman, 23, Quai de Commerce, 1080, Bruxelas)
Bélgica-França / 1975 / 35 mm / cor / 200 min / 16 anos

Jeanne, uma disciplinada viúva pequeno-burguesa, mãe de um adolescente, complementa o orçamento do mês prostituindo-se a domicílio. Seus encontros são incluídos entre as tarefas domésticas, segundo uma imutável organização do tempo, dia após dia.


Lá (Là-bas)
Bélgica-França / 2006 / vídeo / 78 min / cor / Livre

É possível criar raízes no espaço, no tempo? O que podemos perceber de Israel sem cair na dicotomia? Como viver após a tormenta? Há imagens possíveis? Imagens diretas? Ou elas devem passar por uma tela? Qual tela? Como?


Noite e dia (Nuit et jour)
França-Bélgica-Suíça / 1991 / 35mm / cor / 90 min / 16 anos

Jack e Julie eram muito jovens e vieram do interior. Jack era motorista de taxi à noite. Preferia a noite pois assim passava o dia com Julie. Jack e Julie não tinham preocupações, não tinham amigos e passavam a vida entre a cama, o chuveiro e a cozinha. Não conheciam ninguém em Paris. Uma noite, à força de simples circunstâncias, Jack apresenta Joseph à Julie. Joseph dirigia o taxi de Jack durante o dia e, por isso, estava livre à noite. Ele também veio do interior, também não tinha amigos em Paris. Julie começa a amar os dois rapazes, sem que uma história interfira na outra.


Notícias de casa (News from home)
Bélgica-França / 1976 / 16mm / cor / 89 min / Livre

Sobreposto a travellings e longos planos fixos de Nova Iorque (metrô, ruas, fachadas), a cineasta lê, em inglês, as cartas enviadas da Bélgica por sua mãe. As cartas maternas, as cartas mais simples, as cartas de amor. Carícias impossíveis chegam do velho mundo. Uma voz menor, vinda da Europa, tenta ainda se fazer entender.


O homem da mala (L’homme à la valise)
França / 1983 / 16mm / cor / 60 min / Livre / exibido em beta

Durante um longo período de ausência, Akerman empresta seu apartamento a alguns amigos. Ao regressar, e tendo que trabalhar no roteiro de Golden Eighties (cujos fragmentos musicais aparecem frequentemente neste filme), um de seus amigos volta e se instala novamente em sua casa. O filme é um diário íntimo dessa convivência não desejada e obsessiva.


Os encontros de Anna (Les Rendez-vous d’Anna)
França-Bélgica-Alemanha / 1978 / 35mm / cor / 127 min / 16 anos

Anna, uma jovem cineasta, viaja pela Bélgica, Alemanha e França para exibir seus filmes. Em cada etapa desse trajeto que parece sem fim, ela encontra várias figuras que têm a solidão como único denominador comum: Heinrich, amante impotente de uma noite e diretor escolar que carrega consigo todo o peso da Alemanha; sua amiga Ida; um desconhecido no trem; sua mãe e seu amante parisiense.


Os anos 80 (Les annés 80)
Bélgica-França / 1983 / 35mm / cor / 79 min / Livre

Les annés 80 desenha um esboço de Golden Eighties. Entretanto, o filme vai além da simples repetição. Para além da futura obra, o mote principal passa a ser, ao final, o trabalho de busca e de experimentação em torno do filme, tudo o que o precede e como chegar até ele. Les annés 80 é um documentário sobre o cinema em processo de realização.


Retrato de uma garota do fim dos anos 60 em Bruxelas (Portrait d’une jeune fille de la fin des années 60 à Bruxelles)
França /1993 / 35mm / cor / 60 min / 14 anos

Final dos anos 60, uma estudante secundária decide faltar à escola. No cinema, conhece um desertor do exército francês com quem vai perambular por Bruxelas. Durante uma festa surpresa, ela oferece seu novo amigo a sua melhor amiga, sem saber ao certo quais são seus desejos. Ironizando os anacronismos, Chantal Akerman ataca de frente o desespero adolescente através da verborragia arrogante de sua heroína, o medo do desejo através dos gestos desajeitados, a carne através do verbo. Película realizada para a série de televisão Tous les garcons et les filles de leur âge, baseada na idéia original de Chantal Poupaud.


Tenho fome, tenho frio (J’ai faim, j’ai froid)
França / 1984 / 35mm / p&b / 12 min / 16 anos / exibido sem legendas

Duas garotas que fugiram de Bruxelas chegam a Paris sem um centavo. Deriva urbana pontuada por diálogos juvenis sobre o amor. Num restaurante, encontram casualmente um homem que as leva para a casa dele. Primeira experiência sexual para uma delas, cumprida como uma formalidade, seguida por uma partida precipitada à noite. Vinte anos depois, Chantal reinventa o próprio da Nouvelle Vague: uma arte da balada e das meias-verdades, a cruel aprendizagem da liberdade de sentimentos numa Paris em preto e branco. Fragmento do filme coletivo Paris vu par vingt ans après.


Toda uma noite (Toute une nuit)
Bélgica-França / 1982 / 35mm / cor / 90 min / 14 anos

No sopro de uma noite de verão, pelas ruas de Bruxelas, nos cafés, nos quartos, nos vãos de escadas, os casais se cruzam, se separam, se reencontram, se abraçam, fogem um do outro num balé indeciso, a um só tempo exasperado e frágil. Até o amanhecer, a cidade oferece seus fragmentos de cenas amorosas: encontros, reencontros e rupturas.

Fuga de patrocínio já afeta eventos do calendário no país

Jotabê Medeiros

Alguns indicadores que apontam para um refluxo da atividade cultural e do seu financiamento no País em 2009:

O TIM FESTIVAL E O PRÊMIO TIM DE MÚSICA foram "descontinuados", eufemismo usado pelo seu patrocinador, para dizer que não serão realizados em 2009.

A 18.ª EDIÇÃO DO FESTIVAL DE CURITIBA, tradicional evento do calendário de artes cênicas do País, entre 17 e 29 de março, perdeu cerca de R$ 350 mil do patrocínio da Petrobras, que vinha contribuindo regularmente com o evento. Seu orçamento total é de cerca de R$ 3 milhões.

A VIRADA CULTURAL, um dos principais eventos do calendário de São Paulo, foi cortada em um terço em sua edição 2009, devido ao contingenciamento de 33% na verba da Secretaria Municipal da Cultura (outras áreas também sofreram cortes). Marcada para os dias 2 e 3 de maio, a Virada terá neste ano R$ 4,5 milhões (em 2008, foram R$ 6 milhões gastos em 800 atrações e 26 palcos só no centro da cidade. Por conta disso, não haverá programação no Parque D. Pedro e na Avenida Rio Branco.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO diminuiu em R$ 6 milhões o orçamento da sua Secretaria da Cultura para 2009.

O GOVERNO FEDERAL contingenciou em 75% o orçamento do Ministério da Cultura. O ministério mantém a confiança em um descontigenciamento significativo desse quantia. "Nosso orçamento é muito pequeno para contribuir num processo generalizado. Tirar da gente é impactar muito a gente, e ajudar muito pouco no contingenciamento. Nosso orçamento chega a um bilhão", diz Alfredo Manevy, ministro interino.

Governo prepara pacote anticrise para cultura

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - O Ministério da Cultura brasileiro está trabalhando num pacote anticrise, tentando amenizar o impacto da turbulência econômica na cultura nacional. A notícia do pacote anticrise foi adiantada ao jornal O Estado S. Paulo por Alfredo Manevy, ministro interino da Cultura, que esteve em São Paulo esta semana para anúncio dos investimentos de um instituto cultural (o ministro Juca Ferreira está fora do País).



?A gente está preparando isso. Um pacote de medidas, no campo cultural, que tenha um efeito anticíclico em relação à economia. Incluirá reformas de espaços culturais, que geram construção civil, ampliação do parque exibidor cinematográfico e tudo o que for apresentado e gerar um impacto na economia, com interface no campo cultural. O presidente Lula já sinalizou que está disposto a incorporar o investimento estratégico este ano. E a gente está preparando o pacote?, disse Manevy.



O sistema de financiamento da cultura no País está perto da asfixia. A Lei Rouanet, maior mecanismo de fomento federal, enfrenta desistências de patrocinadores importantes desde o final do ano passado. A verba investida decorre de renúncia fiscal - ou seja: as empresas usam dinheiro do seu Imposto de Renda que seria pago à Receita Federal. Mas, para ter dinheiro no caixa em tempos incertos, patrocinadores importantes estão cancelando compromissos pré-agendados com produtores culturais.



O cenário é desanimador. A maior estatal em investimentos culturais, a Petrobras, está retirando verbas de patrocínios. Outras estatais estão cautelosas - estão entre as seis maiores patrocinadoras do País (Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobrás), que representam quase 40% do total das 500 maiores empresas brasileiras. Governos municipais, como o de São Paulo, contingenciam verbas para a área, comprometendo programas (a verba para a Virada Cultural, este ano, foi cortada em 30%). No governo estadual, o orçamento da Secretaria de Estado da Cultura será um pouco menor este ano, R$ 534 milhões, ante R$ 540 milhões em 2008. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Recessão provoca cortes no festival de Tribeca

Por Christine Kearney

NOVA YORK (Reuters) - O festival nova-iorquino de Tribeca anunciou na segunda-feira a sua programação para 2009, que está mais enxuta por causa da recessão nos EUA. O evento marcará a volta de Woody Allen à cidade como diretor, após um hiato de cinco anos.

O festival, um dos mais importantes dos EUA, terá 86 longas entre 22 de abril e 3 de maio. No ano passado, foram 120. O número de patrocinadores e salas também caiu.

"Com o atual clima econômico como está, tivemos de olhar bem de perto nossos gastos para o festival deste ano", disse a diretora-executiva Nancy Schafer.

O nova-iorquino Allen abrirá o festival com a estreia mundial do seu "Whatever Works", estrelado por Larry David. Embora tenha ficado famoso por suas histórias passadas na cidade, o cineasta tem realizado seus últimos filmes no exterior.

O festival, que teve o ator Robert De Niro como um dos fundadores, surgiu na esperança de revitalizar o bairro de Tribeca depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Na edição deste ano, haverá documentários e filmes de ficção dos EUA, do Irã, da Irlanda, da Austrália e do Brasil.

Os documentários especialmente encontram no Tribeca uma vitrine privilegiada. "Homem Equilibrista", vencedor do Oscar neste ano, passou no festival em 2008.

O premiado diretor brasileiro José Padilha ("Tropa de Elite") leva à edição deste ano o seu documentário "Garapa", sobre a fome no Brasil. O país também é retratado em "Only When I Dance", produção britânica sobre bailarinos cariocas de baixa renda.

"Transcendent Man", sobre o inventor Ray Kurzweil, discute a iminente fusão entre humanos e máquinas superinteligentes. "Racing Dreams", de Marshall Curry, acompanha três adolescentes kartistas.

Entre os filmes de ficção, um dos destaques é "The Eclipse", do dramaturgo irlandês Conos Macpherson, sobre uma viúva cuja vida se mistura à de dois escritores.

Do Irã vem "About Elly", que conta a história de uma reunião de velhos amigos de faculdade que vira uma catástrofe. Será a estreia desse filme nos EUA.

A seção dos cineastas emergentes inclui "American Casino", documentário sobre a bancarrota de Wall Street à custa dos trabalhadores norte-americano, e "Burning Down the House: The Story of CBGB", sobre o fechamento da celebra casa noturna de Nova York.

Nixon, Frost e a TV como tribunal
Amir Labaki
Apesar de não ser grande cinema, “Frost/Nixon” é para lá de interessante. Faz-se drama a reconstituição dos bastidores das históricas entrevistas para TV que opuseram em 1977 o jornalista britânico David Frost e o primeiro presidente a renunciar ao cargo nos EUA, Richard Nixon.

O ponto de partida é a peça de teatro de Peter Morgan, de imenso sucesso há três anos na Inglaterra e nos EUA. Morgan é uma das belas revelações da dramaturgia britânica, para os palcos como para as telas. Basta lembrar os certeiros roteiros que escreveu para “A Rainha”, de Stephen Frears, e “O Último Rei da Escócia”, de Kevin Macdonald.

A versão para cinema teve a sabedoria de manter o dramaturgo como roteirista e, muito mais raro, o par de atores principais da montagem teatral, com o veterano Frank Langella fazendo Nixon e Michael Sheen vivendo Frost. É uma dupla eletrizante.

Langella não parece fisicamente com Nixon, ainda que para o filme algum esforço de maquiagem busque certa aproximação. Mas Langella e Nixon têm em comum uma semelhança mais importante do que a da aparência. São grandes atores de carisma negativo, ou de raro magnetismo antipático. Ambos se impõem projetando um lado sombrio, como Darth Vaders que dispensam a fantasia.

A história é bem outra com Michael Sheen. Sutileza é a chave de seu talento. Ele interpreta em registro minimalista personagens maiores do que a vida, como o Tony Blair de “A Rainha” ou o extravagante Frost agora. Sheen evita a afetação e a mímica gestual para abraçar o simples e coloquial. Não ter sido sequer indicado ao Oscar por essas duas performances é quase um prêmio involuntário.

“Frost/Nixon” deve a eles o essencial de sua força. Mas cinema não é uma arte apenas de atores. É onde entra Ron Howard. Como cineasta, Howard é um guarda de trânsito. Evita atritos e ordena fluxos. Não se fazer notar parece ser seu ideal de ofício. Pode ser ótimo para produtores mas filmes realmente marcantes exigem algo mais. É por isso que, mesmo em seus melhores momentos, como “Apolo 13” (1995), falta algo para a verdadeira grandeza.

“Frost/Nixon” evita a combustão dramática mesmo em cenas potencialmente incandescentes, como a dos conflitos abertos entre perguntador e entrevistado. Toda aproximação entre Langella e Sheen solta faíscas mas há como que um bombeiro a abafa-las. Perdoe-me a brusca mudança de metáfora, mas é uma sensação de coito interrompido que acompanha todo o filme.

Apesar dos pesares, “Frost/Nixon” é uma obra no mínimo intrigante ao estimular pelo menos três níveis de reflexão. Há, de cara, sua dimensão eminentemente histórica. Raros filmes captaram com igual intensidade o mal-estar americano da era de Watergate. Quase no calor da hora, “Todos os Homens do Presidente” (1976), de Alan J. Pakula, reconstituiu-lhe os fatos, com inegável e perene eletricidade. Já o espírito decadentista daquele período de traição aos mais belos ideais norte-americanos ressurgiram nas telas apenas em 1997 com a adaptação por Ang Lee do romance de Rick Moody no subestimado “Tempestade de Gelo”. “Frost/Nixon” fecha agora esta trilogia nixoniana.

Uma segunda leitura interessante é compreender o texto de Morgan como um espelho retrovisor da era Bush para a era Nixon. A sabatina televisiva de um ex-presidente impopular sobre atrocidades e vilanias como a guerra do Vietnã e o escândalo de Watergate reflete inequivocamente as questões irrespondidas pelo então presidente igualmente impopular sobre suas atrocidades e vilanias, leiam-se Iraque, Guantánamo, Abu Ghraib, despotismo interno contra direitos individuais. “Se o presidente o faz, é por que não é ilegal”, a certeira frase criada por Morgan para Nixon, parece um desabafo saído diretamente da boca de George W. Bush.

Por fim, “Frost/Nixon” discute o poder da TV como arena fundamental da sociedade contemporânea. Faz isso de maneira subliminar e sutil, em registro menos apocalíptico do que o de seus dois principais antecessores, não por coincidência rodados ambos por Sidney Lumet: “Rede de Intrigas” (1976) e “Os Donos do Poder” (1986).

O definitivo julgamento político de Nixon deu-se fora do arcabouço judiciário institucionalizado. O processo contra o presidente renunciante aconteceu num cenário de entrevista. É diante de um júri de milhões de telespectadores que depõe Nixon. “Frost/Nixon” trata do começo de novos tempos, com inéditos desafios para a democracia – e ainda os vivemos.
É TUDO VERDADE 2009 – 14º FESTIVAL INTERNACIONAL DE DOCUMENTÁRIOS
25 de março a 05 de abril

O É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários foi criado em 1996 pelo crítico Amir Labaki visando contribuir para um olhar mais atento sobre a produção documental brasileira e internacional. Em 2009, o festival completa quatorze anos de existência com uma programação especial que sintetiza o desenvolvimento do documentário no país e no exterior neste período. A 14ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários acontece simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 25 de março e 05 de abril. A programação de filmes será exibida na Cinemateca Brasileira, no Cinesesc e no Centro Cultural Banco do Brasil. Veja a programação completa no site www.etudoverdade.com.br.
BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO
17 a 29 de março de 2009
A Cinemateca Brasileira, em parceria com a Academia Internacional de Cinema (AIC), traz mais uma vez a São Paulo uma seleção de clássicos e produções recentes de Bollywood e do cinema indiano. A terceira edição da mostra BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO tem, entre seus destaques, uma amostra da nova produção de filmes policiais rodados na região e um programa especial reunindo longas que tratam de questões relacionadas ao terrorismo na Índia de hoje. A programação inclui ainda os tradicionais romances musicais made in Bollywood – como o clásssico Bobby, de Raj Kapoor, um campeão de bilheteria dos anos 70 que inspirou inúmeras imitações – e Gauri: the unborn, de Aku Akbar, terror psicológico que tem como mote o aborto. A mostra BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO é composta por 13 longas de ficção e ainda pelo documentário inédito Bollyworld, dirigido pelo produtor, cineasta e editor indiano Ram Prasad Devineni, responsável também pela curadoria do evento. Dia 24, às 19h30, o jornalista Franthiesco Ballerini, co-produtor de Bollyworld, conversa com o público após a projeção do documentário. Os filmes serão exibidos com legendas em inglês.
ENTRADA FRANCA
Não indicado para menores de 14 anos
CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
PROGRAMAÇÃO
17.03 | TERÇA
SALA CINEMATECA BNDES
20h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BOBBY
18.03 | QUARTA
SALA CINEMATECA BNDES
18h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | JOHNNY GADDAAR
21h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | DHOKHA
19.03 | QUINTA
SALA CINEMATECA BNDES
18h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BOMBAY
21h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | GAURI: THE UNBORN
20.03 | SEXTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | 36 CHINA TOWN
21h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | THE TERRORIST
21.03 | SÁBADO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
15h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | WOH LAMHE
SALA CINEMATECA BNDES
17h30 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | CASH
20h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | RED: THE DARK SIDE
22.03 | DOMINGO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
15h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | ROJA
17h30 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BOLLYWORLD
18h30 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | AAG
24.03 | TERÇA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h30 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BOLLYWORLD | DEBATE COM FRANTHIESCO BALLERINI
25.03 | QUARTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
17h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | 36 CHINA TOWN
20h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BLACK FRIDAY
26.03 | QUINTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
17h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | CASH
20h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | ROJA
27.03 | SEXTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
17h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | RED: THE DARK SIDE
20h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | WOH LAMHE
28.03 | SÁBADO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
17h30 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | AAG
21h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | GAURI: THE UNBORN
29.03 | DOMINGO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
15h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BOMBAY
18h00 BOLLYWOOD E CINEMA INDIANO | BOBBY
FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES
36 China Town, de Abbas Mustan
Índia, 2006, 35mm, cor, 140’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Akshaye Khanna, Kareena Kapoor, Shahid Kapur, Paresh Rawal
Policial tenta descobrir quem matou a rica proprietária de um cassino em Goa.
sex 20 18h00 | qua 25 17h00
Aag, de Ram Gopal Varma
Índia, 2007, 35mm, cor, 171’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Amitabh Bachchan, Ajay Devgan, Mohanlal, Prashant Raj
Acerto de contas entre um inspetor de polícia e o mais temido e poderoso gangster de Bombaim. Refilmagem de Sholay, grande hit do cinema indiano dos anos 70.
dom 22 18h30 | sáb 28 17h30
Bobby, de Raj Kapoor
Índia, 1973, 35mm, cor, 168’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Rishi Kapoor, Dimple Kapadia, Pran, Prem Nath
História do amor impossível entre dois adolescentes de castas diferentes em Bombaim. Campeão de bilheteria do cinema indiano dos anos 70, inspirou inúmeras imitações.
ter 17 20h00 | dom 29 18h00
Bollyworld, de Ram Devineni
Índia/Brasil, 2009, vídeo digital, cor, 30’ | Versão original em inglês| Exibição em DVD
Um dos focos do documentário são as transformações da indústria de Bollywood para aumentar seu apelo junto a uma classe média indiana emergente e às platéias internacionais.
dom 22 17h30 | ter 24 19h30
Cash, de Anubhav Sinha
Índia, 2007, 35mm, cor, 137’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Ajay Devgan, Sunil Shetty, Zayed Khan, Ritesh Deshmukh
Criminosos lutam pela posse de preciosos diamantes sul-africanos.
sáb 21 17h30 | qui 26 17h00
Gauri: the unborn, de Aku Akbar
Índia, 2007, 35mm, cor, 98’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Mohan Azaad, Anupam Kher, Atul Kulkarni, Manasi
As lembranças de um aborto, realizado em nome da ascensão profissional de um casal, voltam para aterrorizar uma família em férias.
qui 19 21h00 | sáb 28 21h00
Johnny Gaddaar, de Sriram Raghavan
Índia, 2007, 35mm, cor, 138’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Dharmendra, Rimi Sen, Ashwini Khalsekar, Neil Nitin Mukesh
A história de um criminoso que elimina os companheiros para aumentar sua parte nos lucros da gangue serve de pretexto a esta homenagem à literatura e ao cinema noir.
qua 18 18h00
Red: the dark side, de Vikram Bhatt
Índia, 2007, 35mm, cor, 148’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Aftab Shivdasani, Celina Jaitley, Amrita Arora, Amin Hajee
Saindo das garras da morte, Neil é levado por um desejo incontrolável que o conduz pelo caminho obscuro do passado de sua amada Anahita.
sáb 21 20h00 | sex 27 17h00
Woh Lamhe, de Mohit Suri
Índia, 2006, 35mm, cor, 135’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Shiney Ahuja, Kangana Ranaut, Shaad Randhawa, Purab Kohli
Baseado na vida de Parveen Babi, o filme conta a história de uma atriz esquizofrênica e seu grande amor.
sáb 21 15h00 | sex 27 20h00
CINEMA INDIANO E TERRORISMO
Black friday, de Anurag Kashyap
Índia, 2004, 35mm, cor, 167’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Vijay Maurya, Pavan Malhotra, Aditya Srivastava, Dibyendu Bhattacharya
Trata dos bombardeios que aterrorizaram Bombaim em 1993, uma resposta à violência sofrida pelos muçulmanos durante as revoltas que deixaram mais de 1.500 mortos.
qua 25 20h00
Bombay, de Mani Ratnam
Índia, 1995, 35mm, cor, 141’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Arvind Swamy, Manisha Koirala, Tinnu Anand, Akash Khurana
Hindu se casa com muçulmana num pequeno vilarejo no sul da Índia, mas são obrigados a mudar para Bombaim para fugir do preconceito. A casa do diretor Mani Ratnam sofreu um ataque a bomba após o lançamento do filme nos cinemas.
qui 19 18h00 | dom 29 15h00
Dhokha, de Pooja Bhatt
Índia, 2007, 35mm, cor, 117’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Muzammil Ibrahim, Tulip Joshi, Aushima Sawhney, Bharat Dabholkar
Muçulmano moderado, policial indiano entra em choque quando sua falecida esposa, vítima de um ataque a bomba, é acusada pelo atentado.
qua 18 21h00
Roja, de Mani Ratnam
Índia, 1992, 35mm, cor, 137’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Arvind Swamy, Madhoo, Pankaj Kapur, Shiva Rindani
A inocente e recém-casada Roja luta para libertar o marido, sequestrado por terroristas paquistaneses e levado para Kashmir.
dom 22 15h00 | qui 26 20h00
The terrorist, de Santosh Sivan
Índia, 1999, 35mm, cor, 95’ | Legendas em inglês | Exibição em DVD
Ayesha Dharker, K. Krishna, Sonu Sisupal, Vishwas
Produção independente inspirada por eventos em torno do assassinato do ex-Primeiro Ministro Rajiv Gandhi. Primeiro filme indiano exibido no Sundance Film Festival, foi comprado e distribuido nos Estados Unidos pelo ator John Malkovich.
sex 20 21h00

VERÃO DE CLÁSSICOS

14 de janeiro a 15 de março de 2009


Em março, a Cinemateca Brasileira apresenta a última parte de sua programação de férias, VERÃO DE CLÁSSICOS. Neste mês, os aficcionados por fantasia e ficção científica poderão conferir a exibição de Latitude zero, uma inusitada mistura de aventura marítima e filme de monstros. Para as crianças, há a animação japonesa O navio voador, uma raridade do acervo da Cinemateca Brasileira. O público terá a chance de conhecer também uma série de comédias e melodramas silenciosos de média-metragem produzidos em Hollywood nas décadas de 1910 e 1920, e ainda uma obra menos conhecida do mestre italiano Vittorio De Sica, O teto. Por fim, vale mencionar o resgate de um cult movie dos anos 80 cuja crueza no trato da violência gerou controvérsia à época de seu lançamento: Retrato de um assassino, ainda inédito em DVD no Brasil.


CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207

próximo ao Metrô Vila Mariana

Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)

www.cinemateca.gov.br

Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)

Atenção: estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.


PROGRAMAÇÃO


03.03 | TERÇA

SALA CINEMATECA BNDES

19h30 OS GALHOS DA ÁRVORE

04.03 | QUARTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 DÁ-ME UM BEIJO, SIM? | ATÉ QUE NOS TORNEMOS A VER

20h30 LATITUDE ZERO

05.03 | QUINTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 OS GALHOS DA ÁRVORE

21h00 CALÇAS COMPRIDAS | PRINCESA DE IMPROVISO | INCLINAÇÃO PELO PALCO

06.03 | SEXTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 LATITUDE ZERO

21h00 DÁ-ME UM BEIJO, SIM? | ATÉ QUE NOS TORNEMOS A VER

07.03 | SÁBADO

SALA CINEMATECA BNDES

18h00 CALÇAS COMPRIDAS | PRINCESA DE IMPROVISO | INCLINAÇÃO PELO PALCO

20h00 OS GALHOS DA ÁRVORE

08.03 | DOMINGO

SALA CINEMATECA BNDES

16h00 CALÇAS COMPRIDAS | PRINCESA DE IMPROVISO | INCLINAÇÃO PELO PALCO

18h00 LATITUDE ZERO

20h00 DÁ-ME UM BEIJO, SIM? | ATÉ QUE NOS TORNEMOS A VER

10.03 | TERÇA

SALA CINEMATECA BNDES

19h30 VERÃO FELIZ

11.03 | QUARTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 RETRATO DE UM ASSASSINO

20h30 O TETO

12.03 | QUINTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 O NAVIO VOADOR

20h00 VERÃO FELIZ

13.03 | SEXTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 O TETO

20h30 RETRATO DE UM ASSASSINO

14.03 | SÁBADO

SALA CINEMATECA BNDES

18h00 O NAVIO VOADOR

20h00 VERÃO FELIZ

15.03 | DOMINGO

SALA CINEMATECA BNDES

16h00 O NAVIO VOADOR

18h00 RETRATO DE UM ASSASSINO

20h00 O TETO


FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES



Até que nos tornemos a ver (Till we meet again), de Christy Cabanne

EUA, 1922, 35mm, pb, 39’ | Intertítulos em português

Julia Swayne Gordon, Mae Marsh, J. Barney Sherry, Walter Miller

Melodrama sobre uma orfã internada numa instituição psiquiátrica por um inescrupuloso contador que planeja ficar com a fortuna de sua tutora. Livre

qua 04 18h30 | sex 06 21h00 | dom 08 20h00


Calças compridas (Long pants), de Fred Guiol

EUA, 1926, 35mm, pb 25' | Intertítulos em português

Glenn Tryon, Vivien Oakland

Comédia sobre um simplório rapaz do interior que, inspirado pelas novelas românticas que gosta de ler, quer tornar-se um grande conquistador. Livre

qui 05 21h00 | sáb 07 18h00 | dom 08 16h00


Dá-me um beijo, sim? (The chorus girl's romance), de William C. Dowlan

EUA, 1920, 35mm, pb, 34' | Intertítulos em português

Viola Dana, Gareth Hughes, Phil Ainsworth, William Quinn

Adaptado de um conto de F. Scott Fitzgerald, narra a história de dois amantes - uma jovem atriz e um rapaz de família abastada – que decidem tentar a sorte no show business em Nova York. Livre

qua 04 18h30 | sex 06 21h00 | dom 08 20h00


Os galhos da árvore (Shakha proshakha), de Satyajit Ray

Índia/França/Inglaterra, 1990, 35mm, cor, 130' | Legendas em português

Ajit Bannerjee, Haradhan Bannerjee, Soumitra Chatterjee, Depankar De

Penúltimo filme do grande mestre do cinema indiano, sobre quatro irmãos que se reencontram quando o pai deles sofre um ataque cardíaco, trazendo à tona mentiras e decepções. Não indicado para menores de 14 anos

ter 03 19h30 | qui 05 18h30 | sáb 07 20h00


Inclinação pelo palco (Stage struck), de Edward Morrissey

EUA, 1917, 35mm, pb, 38’ | Intertítulos em português

Dorothy Gish, Frank Bennett, Fred Warren, Spottiswoode Aitken

Jovem do interior abandona a família e vai para a cidade tentar a vida como atriz. Livre

qui 05 21h00 | sáb 07 18h00 | dom 08 16h00


Latitude zero (Ido zero daisakusen), de Ishirô Honda

EUA/Japão, 1969, 35mm, cor, 108’ | Falado em inglês | Sem legendas

Joseph Cotten, Cesar Romero, Akira Takarada, Masumi Okada

Depois de um acidente no fundo do mar, dois cientistas e um repórter são recolhidos por um submarino e levados para uma cidade fantástica, aterrorizada por monstruosas criaturas gigantes. Livre

qua 04 20h30 | sex 06 18h30 | dom 08 18h00


O navio voador (Sora tobu yûreisen), de Hiroshi Ikeda

Japão, 1969, 35mm, cor, 60’ | Legendas em português

Animação. Depois de perder seus familiares, atacados por um robô gigante, um garoto sai em busca dos

responsáveis pela tragédia, numa cidade controlada por fantasmas e máquinas gigantescas. Livre

qui 12 18h30 | sáb 14 18h00 | dom 15 16h00


Princesa de improviso (A small town princess), de Edward F. Cline

EUA, 1927, 35mm, pb, 27’ | Intertítulos em português

Billy Bevan, Madeline Hurlock, David Manor, Nat Carr

Comédia do lendário produtor Mack Sennett sobre garota do interior que decide tentar a sorte em Hollywood. Livre

qui 05 21h00 | sáb 07 18h00 | dom 08 16h00


Retrato de um assassino (Henry: Portrait of a serial killer), de John McNaughton

EUA, 1986, 35mm, cor, 83’ | Legendas em português

Michael Rooker, Tracy Arnold, Tom Towles, Denise Sullivan

Baseado em história real, o filme relata os assassinatos praticados por um psicopata que divide um apartamento com um ex-colega de prisão e a irmã dele, uma stripper recém-divorciada. Não indicado para menores de 18 anos

qua 11 18h30 | sex 13 20h30 | dom 15 18h00


O teto (Il tetto), de Vittorio De Sica

Itália/França, 1956, 35mm, pb, 91’ | Legendas em português

Gabriella Pallotta, Giorgio Listuzzi, Maria Di Fiori, Emilia Maritini

Na Itália do pós-guerra, um jovem casal decide construir uma casa num terreno baldio da prefeitura. Mas, por razões jurídicas, terão de erguê-la numa única noite e instalar o teto ainda antes do alvorecer. Não indicado para menores de 14 anos

qua 11 20h30 | sex 13 18h30 | dom 15 20h00


Verão feliz (Kikujiro), de Takeshi Kitano

Japão, 1999, 35mm, cor, 121’ | Legendas em português

Takeshi Kitano, Yusuke Sekiguchi, Kayoko Kishimoto, Yuuko Daike

A jornada de um garoto de nove anos de idade em busca da mãe que nunca conheceu, na companhia de um cinqüentão impaciente e arrogante. Livre

ter 10 19h30 | qui 12 20h00 | sáb 14 20h00

Do portal G1.

Falta de bons atores prejudica desempenho de 'Watchmen'

Intérprete de Rorschach é destaque, mas não supera Coringa de Ledger.
Superficialismo do diretor põe em cheque complexidade da HQ original.

Mateus Potumati Especial para o G1

Cena do filme 'Watchmen', com previsão de estréia para março (Foto: Divulgação)

A partir desta sexta, o mundo de fãs de quadrinhos se mobiliza para cumprir uma obrigação solene: assistir à estreia de “Watchmen - O filme” – a mais aguardada, patrulhada e conturbada adaptação de uma HQ para o cinema na história. Se você não se enquadra necessariamente nessa categoria (o que, pela matemática, provavelmente é o caso), talvez esteja se perguntando, “o que eu tenho a ver com isso?"

Quem vai ao cinema sem conhecer a história e espera um filme de ação cheio de pancadaria, efeitos e trama policial, precisa entender umas coisas antes. “Watchmen” não é uma história de super-herói qualquer. E isso, por mais que pareça o papo daquele amigo nerd que tentava convencê-lo a ler gibi, é bem sério. “Watchmen” se situa junto às melhores obras de ficção científica e política do século XX. É pesado, perturbador e complexo.

A história é hermética, construída sobre referências ao universo dos heróis – o Comediante, por exemplo, é uma versão psicologicamente deformada do Capitão América; Dan Dreiberg, alter-ego do Coruja, é como um Clark Kent que resolveu levar uma vida normal.

O contexto político também exige algum embasamento: o mundo onde se passa a trama é uma realidade paralela situada nos anos 1980, que faz os reacionários anos Reagan parecerem o governo Obama. Nele, os EUA ganharam a Guerra do Vietnã – com a ajuda dos heróis –, e a tensão entre EUA e URSS está prestes a esquentar a Guerra Fria. O presidente do país, pela terceira vez consecutiva, é o ultra-conservador Richard Nixon, que na vida real renunciou em 1974 após o escândalo Watergate.

É uma realidade distante até dos jovens americanos de hoje, quanto mais dos brasileiros. “Watchmen” exige um comprometimento muito maior do que “Homem-Aranha”, e estômago mais forte do que “Batman – O cavaleiro das trevas”. Não é filme para levar a namorada, a não ser que a sua namorada realmente goste de ver filmes. Portanto, só vá ao cinema se você estiver disposto a entender isso – e nesse caso vá mesmo, que a sessão vale o ingresso.

Se você, ao contrário, já sabe mais ou menos o que esperar, a conversa é outra. A principal pergunta que todos se faziam, desde que a história toda começou, era: “vai ser fiel à HQ?” Isso, você também já deve saber, está garantido. Qualquer adaptação para o cinema sempre engole algumas coisas e enxuga outras, mas o principal está ali, imaculado até às citações textuais exatas – exceção feita ao final, diferente na solução mas essencialmente o mesmo.

Jackie Earle Haley como Rorschach, em cena de 'Watchmen'

Atores inexpressivos

O fato de seguir à risca uma história genial, levada às telas com preciosismo técnico e estético incomparável, garante um filme no mínimo bom. Isso, certamente, vai fazer a alegria da grande maioria dos exigentes fãs da história. Mas, fora isso, o que há em “Watchmen”?

Do ponto de vista do elenco, faltam atuações memoráveis. É algo dispensável em filmes comuns de herói, mas um projeto com tantas ambições deveria considerar melhor a possibilidade.

A decisão de não escalar atores famosos aparentemente buscou priorizar a trama, mas personagens fortes saíram prejudicados, como o Comediante (Jeffrey Dean Morgan) e o Dr. Manhattan (Billy Crudup). O único destaque é Jackie Earle Haley, que faz Rorschach, narrador e personagem principal. Firme e soturno, Haley ficou à altura do papel. Mesmo assim, não chega perto da atuação de Heath Ledger em “Cavaleiro das trevas”.

As escolhas da adaptação prejudicaram pelo menos duas cenas fundamentais: as sessões de Rorschach com o psicólogo e as divagações do Dr. Manhattan em Marte. Resumidas demais, ambas perderam em profundidade.

Em outros momentos, quando a adaptação insere elementos alheios ao original, a qualidade dos diálogos e do andamento cai. Isso é perceptível na sequência final, ou na pirotecnia dispensável na cena de orgasmo de Espectral.

Esses detalhes devem excluir o filme da disputa por algum prêmio nobre do cinema e são indícios das deficiências de Snyder, que se sai bem apenas quando se limita à reprodução literal do original. É provável que ele nunca tenha tido tais ambições, mas a história certamente tinha espaço para isso.

Desfecho conservador

Apesar do contexto político distante, também é inevitável pensar nos anos Bush. A história de Alan Moore joga com a ambiguidade entre mentira e verdade, bem e mal, meios e fins, expondo a complexidade das relações éticas e morais humanas. Nada mais adequado, portanto.

Na adaptação, como o andamento é mais superficial, essa discussão fica esvaziada. No final, é quase como se o desfecho conservador fosse justificado, como a invasão de certo país do Oriente Médio mediante a bravata da destruição em massa. Não se trata de acusar Snyder de propaganda republicana, mas o mal-estar esperado, que seria bem vindo, fica amenizado.

Seja como for, “Watchmen – O filme” tem o notável mérito de gerar esse tipo de discussão em torno de uma história em quadrinhos, e amplificá-la em escala geométrica. Resta saber o que você, que não conhece o quadrinho, vai achar.