terça-feira, março 10, 2009


O Cinema De Chantal Akerman

Data: de 4 a 22 de março de 2009

No Brasil, o trabalho de Chantal Akerman ainda é praticamente desconhecido pelo público. Entretanto, com mais de 40 filmes, entre ficção e documentário, Akerman é considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes cineastas da atualidade.

O rigor formal de seu trabalho se alia a um estilo de narrativa que privilegia a inserção de um olhar pessoal e se deixa atravessar por traços autobiográficos. A opção da artista por planos longos, o rigor de seus enquadramentos e as narrativas autobiográficas inserem sua obra na tradição de um cinema de resistência aos padrões do cinema industrial.

No plano temático, a cineata privilegia questões políticas, de identidade e de sexualidade. Seus filmes, em especial os realizados entre os anos 70 e 80, contribuíram para os estudos sobre cinema e feminismo.

10 de março (terça-feira)
19h30 -
Conversa com a diretora Chantal Akerman

11 de março (quarta-feira)
15h30 -
Toda uma noite
17h30 - Tenho fome, tenho frio (sem legendas) + Os anos 80
19h30 - Golden Eighties

12 de março (quinta-feira)
17h30 -
Noite e dia
19h30 - Toda uma noite

13 de março (sexta-feira)
17h30 -
Hotel Monterey
19h30 - Os encontros de Anna

14 de março (sábado)
15h30 -
Hotel Monterey
17h30 - Os anos 80
19h30 - Golden Eighties

15 de março (domingo)
16h -
Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles
19h30 - Noite e dia

18 de março (quarta-feira)
16h -
Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (exibição em DVD)
19h30 - Exploda minha cidade + Eu Tu Ele Ela

19 de março (quinta-feira)
17h30 -
Notícias de casa
19h30 - A prisioneira

20 de março (sexta-feira)
17h30 -
Exploda minha cidade + Eu Tu Ele Ela
19h30 - Notícias de casa

21 de março (sábado)
16h30 -
Mesa Redonda: O cinema de Chantal Akerman (Com Ismail Xavier e Ivone Margulies)
19h30 - A prisioneira

22 de março (domingo)
17h30 -
Retrato de uma garota do fim dos anos 60 em Bruxelas
19h30 - Os encontros de Anna


Sinopses: O Cinema De Chantal Akerman

A prisioneira (La captive)
França-Bélgica / 1999 / 35mm / cor / 107 min / 16 anos

Simon ama Ariane perdidamente. Quer saber tudo sobre ela, sem deixar escapar nada. Essa necessidade incontrolável de possuir e de conhecer por completo a pessoa amada o obceca: ele a interroga, a espia, a segue, a mantém reclusa na prisão dourada de seu luxuoso apartamento parisiense. A atração de Ariane pelas mulheres apenas aguça seu ciúme cego e também seu desejo. Adaptação de A Prisioneira de Proust, La captive registra magistralmente o mistério e as contradições do desejo e do sentimento amoroso.


Chantal Akerman por Chantal Akerman (Chantal Akerman par Chantal Akerman)
França / 1996 / vídeo / cor / 63 min / Livre

Ninguém melhor que Chantal Akerman para fazer um filme sobre Chantal Akerman. A cineasta, à maneira de Godard, não deixou de refletir em seus filmes sobre sua relação com as imagens, de colocar em cena seu próprio trabalho. Chantal Akerman não nos oferece um auto-retrato, antes, encara o exigente espelho de suas imagens. A revisão é uma oportunidade para delimitar os núcleos que operam no interior de sua obra, como a transgressão e a duração. Filme realizado para a série de televisão Cinéma de notre temps.


Carta de uma cineasta: Chantal Akerman (Lettre d’une cineaste: Chantal Akerman)
França / 1984 / vídeo / cor / 8 min / Livre

Filme realizado para o programa de televisão Cinéma, cinéma, que encomendava regularmente a um cineasta uma carta cinemtográfica. Chantal Akerman filmou a sua em 1984, enquanto trabalhava em sua futura comédia musical Golden Eighties. Em tom de farsa, Akerman enumera tudo que é necessário para fazer um filme: levantar-se, vestir-se, comer, ter atores, uma equipe E o mostra literalmente: ela e sua atriz se levantam da cama, se vestem, comem Um auto-retrato humorístico.


Do leste (D’est)
França-Bélgica / 1993 / 16mm / cor / 110 min / Livre

Após a queda do muro de Berlim, a câmera de Chantal Akerman, tal qual um sismógrafo, se propõe a registrar, em longos travellings, o devir destes países libertos de si mesmos, entre uma utopia que desmoronou e um futuro que parece impossível.


Do outro lado (De l'autre côté)
Bélgica / 2002 / vídeo / cor / 102 min / Livre

A areia do deserto, uma cidade que parece uma cidade fantasma. Um muro, as paliçadas. A fronteira que separa os Estados Unidos do México. Apesar dos perigos, os mexicanos tentam chegar do outro lado, para fugir da miséria. Os que conseguem chegar com vida, acabam sendo párias, exilados ou explorados.


Exploda minha cidade (Saute ma ville)
Bélgica / 1968 / 35mm / p&b / 13 min / 16 anos

1968. Chantal Akerman, aos18 anos, inaugura sua obra dinamitando seu pequeno apartamento de um só cômodo. Um protesto burlesco contra as tarefas domésticas, com ares de maio daquele mesmo ano: desfazer a comida, sujar as paredes, cobrir os joelhos com cera de engraxar sapatos, até à explosão final.


Eu Tu Ele Ela (Je Tu Il Elle)
Bélgica-França / 1975 / 35mm / p&b / 90 min / 16 anos

O título marca os quatro tempos do filme. Eu: uma jovem mulher que tem fome, que tem frio, que pouco a pouco esvazia sua casa de seus objetos inúteis, um pouco como se esvaziasse a alma de suas angústias. Tu: comendo açúcar de colher, ela escreve cartas a um(a) destinatário(a) desconhecido(a). Ele: após várias semanas a reescrever cartas, ela sai pela noite e conhece um caminhoneiro que lhe fala sobre seu desejo, sua relação com as mulheres. Ela: no meio da noite, a jovem vai à casa de uma amiga, que primeiro a expulsa, depois compartilha com ela sua comida e sua cama.


Golden Eighties (La galerie)
França-Bélgica-Suíça / 1986 / 35mm / cor / 96 min / Livre

No universo elegante e colorido de uma galeria, entre um salão de beleza, um café, um cinema e uma loja de roupas de confecção, funcionários e clientes vivem e se ocupam apenas do amor: o sonham, o declaram, o cantam, o dançam. Encontros, reencontros, traições, paixões, desfechos. Conjugando todas as formas de sedução e de sentimento amoroso, as histórias se cruzam e se entrecruzam.


Histórias da América: Comida, Família e Filosofia (Histoires d’Amérique: Food, Family and Philosphy)
França-Bélgica /1988 / 35mm / cor / 92 min / Livre / exibido em beta

Em Nova Iorque, num terreno baldio em frente à ponte de Williamsburg, homens e mulheres, jovens e idosos, se colocam diante da câmera, em planos fixos, e contam suas histórias de imigrantes judeus sobreviventes do Holocausto. Entre a memória e o esquecimento, seus trágicos relatos falam também da esperança, do irrisório e do desejo de uma vida melhor.


Hotel Monterey (Hotel Monterey)
Bélgica / 1972 / 16mm / cor / 63 min / Livre

Filme sem enredo, Hotel Monterey é constituído por uma fragmentária descrição do lugar homônimo, desde o hall até o último andar, subindo pelo elevador: planos fixos nos corredores, lentos travellings enquadrando portas e janelas, e uma grande panorâmica final que segue a linha do horizonte entre o céu e os edifícios.


Jeanne Dielman, 23, Quai de Commerce, 1080, Bruxelles (Jeanne Dielman, 23, Quai de Commerce, 1080, Bruxelas)
Bélgica-França / 1975 / 35 mm / cor / 200 min / 16 anos

Jeanne, uma disciplinada viúva pequeno-burguesa, mãe de um adolescente, complementa o orçamento do mês prostituindo-se a domicílio. Seus encontros são incluídos entre as tarefas domésticas, segundo uma imutável organização do tempo, dia após dia.


Lá (Là-bas)
Bélgica-França / 2006 / vídeo / 78 min / cor / Livre

É possível criar raízes no espaço, no tempo? O que podemos perceber de Israel sem cair na dicotomia? Como viver após a tormenta? Há imagens possíveis? Imagens diretas? Ou elas devem passar por uma tela? Qual tela? Como?


Noite e dia (Nuit et jour)
França-Bélgica-Suíça / 1991 / 35mm / cor / 90 min / 16 anos

Jack e Julie eram muito jovens e vieram do interior. Jack era motorista de taxi à noite. Preferia a noite pois assim passava o dia com Julie. Jack e Julie não tinham preocupações, não tinham amigos e passavam a vida entre a cama, o chuveiro e a cozinha. Não conheciam ninguém em Paris. Uma noite, à força de simples circunstâncias, Jack apresenta Joseph à Julie. Joseph dirigia o taxi de Jack durante o dia e, por isso, estava livre à noite. Ele também veio do interior, também não tinha amigos em Paris. Julie começa a amar os dois rapazes, sem que uma história interfira na outra.


Notícias de casa (News from home)
Bélgica-França / 1976 / 16mm / cor / 89 min / Livre

Sobreposto a travellings e longos planos fixos de Nova Iorque (metrô, ruas, fachadas), a cineasta lê, em inglês, as cartas enviadas da Bélgica por sua mãe. As cartas maternas, as cartas mais simples, as cartas de amor. Carícias impossíveis chegam do velho mundo. Uma voz menor, vinda da Europa, tenta ainda se fazer entender.


O homem da mala (L’homme à la valise)
França / 1983 / 16mm / cor / 60 min / Livre / exibido em beta

Durante um longo período de ausência, Akerman empresta seu apartamento a alguns amigos. Ao regressar, e tendo que trabalhar no roteiro de Golden Eighties (cujos fragmentos musicais aparecem frequentemente neste filme), um de seus amigos volta e se instala novamente em sua casa. O filme é um diário íntimo dessa convivência não desejada e obsessiva.


Os encontros de Anna (Les Rendez-vous d’Anna)
França-Bélgica-Alemanha / 1978 / 35mm / cor / 127 min / 16 anos

Anna, uma jovem cineasta, viaja pela Bélgica, Alemanha e França para exibir seus filmes. Em cada etapa desse trajeto que parece sem fim, ela encontra várias figuras que têm a solidão como único denominador comum: Heinrich, amante impotente de uma noite e diretor escolar que carrega consigo todo o peso da Alemanha; sua amiga Ida; um desconhecido no trem; sua mãe e seu amante parisiense.


Os anos 80 (Les annés 80)
Bélgica-França / 1983 / 35mm / cor / 79 min / Livre

Les annés 80 desenha um esboço de Golden Eighties. Entretanto, o filme vai além da simples repetição. Para além da futura obra, o mote principal passa a ser, ao final, o trabalho de busca e de experimentação em torno do filme, tudo o que o precede e como chegar até ele. Les annés 80 é um documentário sobre o cinema em processo de realização.


Retrato de uma garota do fim dos anos 60 em Bruxelas (Portrait d’une jeune fille de la fin des années 60 à Bruxelles)
França /1993 / 35mm / cor / 60 min / 14 anos

Final dos anos 60, uma estudante secundária decide faltar à escola. No cinema, conhece um desertor do exército francês com quem vai perambular por Bruxelas. Durante uma festa surpresa, ela oferece seu novo amigo a sua melhor amiga, sem saber ao certo quais são seus desejos. Ironizando os anacronismos, Chantal Akerman ataca de frente o desespero adolescente através da verborragia arrogante de sua heroína, o medo do desejo através dos gestos desajeitados, a carne através do verbo. Película realizada para a série de televisão Tous les garcons et les filles de leur âge, baseada na idéia original de Chantal Poupaud.


Tenho fome, tenho frio (J’ai faim, j’ai froid)
França / 1984 / 35mm / p&b / 12 min / 16 anos / exibido sem legendas

Duas garotas que fugiram de Bruxelas chegam a Paris sem um centavo. Deriva urbana pontuada por diálogos juvenis sobre o amor. Num restaurante, encontram casualmente um homem que as leva para a casa dele. Primeira experiência sexual para uma delas, cumprida como uma formalidade, seguida por uma partida precipitada à noite. Vinte anos depois, Chantal reinventa o próprio da Nouvelle Vague: uma arte da balada e das meias-verdades, a cruel aprendizagem da liberdade de sentimentos numa Paris em preto e branco. Fragmento do filme coletivo Paris vu par vingt ans après.


Toda uma noite (Toute une nuit)
Bélgica-França / 1982 / 35mm / cor / 90 min / 14 anos

No sopro de uma noite de verão, pelas ruas de Bruxelas, nos cafés, nos quartos, nos vãos de escadas, os casais se cruzam, se separam, se reencontram, se abraçam, fogem um do outro num balé indeciso, a um só tempo exasperado e frágil. Até o amanhecer, a cidade oferece seus fragmentos de cenas amorosas: encontros, reencontros e rupturas.

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