segunda-feira, abril 27, 2009

Coppola vai exibir novo filme em mostra paralela de Cannes

25/04/2009 - 18:26 - Redação - último segundo

PARIS – Ignorado entre os filmes selecionados para competição no Festival de Cannes, "Tetro", o novo longa-metragem de Francis Ford Coppola ("Apocalypse Now", "O Poderoso Chefão"), será exibido na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela do evento na riviera francesa.

Vincent Gallo protagoniza "Tetro" / Divulgação

"Tetro" havia sido convidado para uma exibição especial, mas Coppola, decepcionado, não aceitou, já que tinha planos maiores para o filme em Cannes. O longa, então, ia ser projetado no Festival Internacional de Seattle, mas os organizadores da Quinzena dos Diretores conseguiram convencer o cineasta a estrear sua nova produção na mostra.

A comédia gay "I Love You Philip Morris", estrelada por Jim Carrey, Ewan McGregor e Rodrigo Santoro está entre os filmes selecionados ao lado de Coppola. O único representante brasileiro é o curta-metragem "SuperBarroco", de Renata Pinheiro. O formato também garantiu outros dois concorrentes brasileiros na Semana da Crítica: "Elo" e "Espalhadas pelo Ar", ambos de Vera Egito.

O 62º Festival de Cannes acontece de 13 a 24 de maio e será aberto pela animação "Up", dos estúdios Disney-Pixar. Alguns dos maiores cineastas do mundo vão disputar a Palma de Ouro, entre eles Pedro Almodóvar ("Abrazos Rotos"), Lars Von Tier ("Anticristo"), Alain Resnais ("Les Herbes Folles"), Quentin Tarantino ("Inglorious Bastards"), Michael Haneke ("Das Weisse Band") e Ang Lee ("Taking Woodstock").

"À Deriva", de Heitor Dahlia, único longa-metragem brasileiro selecionado para Cannes, será exibido na seção "Um Certo Olhar". Veja as produções selecionadas para a Quinzena dos Realizadores:

- "Ajami", de Scandar Copti e Yaron Shani (Alemanha, Israel)
- "Amreeka", de Cherien Dabis (EUA)
- "Les Beaux Gosses", de Riad Sattouf (França)
- "Carcasses", de Denis Coté (Canadá)
- "Daniel y Ana", de Michel Franco (México)
- "Eastern Plays", de Kamen Kalev (Bulgária)
- "La Famille Wolberg", de Axelle Ropert (França)
- "Go Get Some Rosemary", de Benny e Josh Safdie (EUA)
- "Here", de Tzu-Nyen Ho (Cingapura)
- "Humpday", de Lynn Shelton (EUA)
- "I Love You Phillip Morris", de Glenn Ficarra e John Requa (EUA)
- "J’ai tué ma mère", de Xavier Dolan (Canadá)
- "Like You Know It All", de Hong Sangsoo (Coréia do Sul)
- "Karaoke", dey Chan Fui (Chris) Chong (Malásia)
- "La Merditude des choses", de Felix Van Groeningen (Bélgica)
- "Navidad", de Sebastian Lelio (Chile)
- "Ne change rien", de Pedro Costa (Portugal)
- "Oxhide II", de Liu Jiayin (China)
- "La Pivellina", de Tizza Covi e Rainer Frimmel (Áustria)
- "Polytechnique", de Denis Villeneuve (Canadá)
- "Le Roi de l’évasion", de Alain Guiraudie (França)
- "La Terre de la folie", de Luc Moullet (França)
- "Tetro", de Francis Ford Coppola (Argentina, Espanha)
- "Yuki & Nina", de Nobuhiro Suwa e Hippolyte Girardot (França, Japão)

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O novo filme de Francis Ford Coppola vai ser exibido na noite inaugural da Quinzena dos Realizadores, uma secção paralela altamente prestigiada e que investe numa programação de autores emergentes ou com forte marca autoral.

O próprio Coppola assumiu a inclusão do filme na Quinzena salientando que esta obra mais pessoal é uma espécie de grito de independência e que deve estar no local onde são exibidos filmes de novos realizadores.

" I am extremely pleased to bring TETRO to Director's Fortnight. This film embodies my original passions as a filmmaker, and is a reflection of my goals and ideals when I first began. It is so difficult to work in a personal way in the cinema today, between the business constraints and commercial realities, that you must let your work be a cry for independence, which is why it is so appropriate that TETRO is premiered in the Director's Fortnight, where young filmmakers go."

O filme chegou a ser apontado para a selecção oficial do festival. O regresso de Coppola adquire uma dimensão de grande efeméride, porque "Apocalipse Now" foi premiado há 20 anos com a Palma de Ouro.

"Tetro" é sobre os conflitos entre irmãos de uma família de origem italiana emigrada na Argentina. Foi rodado em Buenos Aires, com Vincent Gallo, Maribel Verdú e Carmen Maura. Há informação no sítio oficial e o próprio Coppola introduziu o filme nesta declaração difundida na internet, onde sublinha que este é o primeiro argumento que escreve desde "The Conversation" em 1974.

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Francis Ford Coppola faz 70 anos prestes a estrear novo filme

Com cinco prêmios Oscar na carreira e diretor de 'O Poderoso Chefão' está prestes a lançar 'Tetro'

AP

Coppola e sua filha Sophia

WASHINGTON - O cineasta que presenteou o mundo com a trilogia de O Poderoso Chefão e Apocalypse Now, Francis Ford Coppola, completa nesta terça-feira, 7, 70 anos, com cinco prêmios Oscar em sua carreira e muita vontade de seguir fazendo cinema, como demonstra sua filme mais recente, Tetro, pronto para a estreia nos cinemas.

Com grandes sucessos e enormes fracassos, Coppola soube passar por cima de tudo isso e, entre filmes sob encomenda e projetos personalíssimos, construiu uma das corridas mais ecléticas e interessantes de Hollywood.

Nascido em Detroit, no dia 7 de abril de 1939, em uma família de origem italiana, é filho da Italia Pennino e do compositor e diretor de orquestra Carmine Coppola, que colaborou em algumas das trilhas sonoras de seus filmes.

Transferida a família para Nova York, Coppola passou sua infância no Queens e aos nove anos contraiu poliomielite (paralisia infantil), doença que lhe manteve um ano na cama, período no qual se distrairia criando peças com marionetes e filmes familiares em Super 8 (câmera da época).

Em 1960, Coppola se graduou na Universidade Hofstra e, em seguida, fez especialização de Belas Artes em direção cinematográfica na Escola de Cinema da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Embora já tivesse realizado diversos trabalhos como diretor, sua estreia em longas-metragens foi com Demência 13 (1969), da qual foi diretor e roteirista, função que desempenhou tanto para suas próprias produções quanto para as de outros.

Após alguns trabalhos nos quais não chamou especialmente a atenção, chegou O Poderoso Chefão, de 1972, uma joia do cinema, que marcou um antes e um depois nos filmes sobre a máfia e que é considerado o segundo melhor filme da história pelo Instituto de Cinema Americano, superado apenas por Cidadão Kane (1941), de Orson Welles.

Coppola não estava convencido de levar à grande tela o best-seller de Mario Puzzo, mas finalmente embarcou em um projeto que lhe lançou ele e Al Pacino ao estrelato e que se transformou em uma dos filmes de maior bilheteria de todos os tempos.

Ele já tinha ganhado um Oscar como roteirista de Patton: rebelde ou herói? (1970) e O Poderoso Chefão lhe proporcionou o segundo, também pelo roteiro -assim como o de Melhor Ator, para Marlon Brando e o de Fotografia -, além de todo o reconhecimento que pudesse desejar.

Isso lhe permitiu rodar A Conversação (1974), uma mudança radical de gênero, que foi seu primeiro grande fracasso comercial, mas que foi bem recebido pela crítica, ganhando a Palma de Ouro no Festival de Cannes e que, com a passagem dos anos, passou a ser considerado um de seus melhores filmes.

Também em 1974, filmou a segunda parte de O Poderoso Chefão, que apesar de arrecadar muito menos do que a primeira, conseguiu três prêmios Oscar (o primeiro de Coppola como diretor, assim como os de melhor filme e roteiro) e lhe permitiu iniciar em um projeto que iria acabar sendo um autêntico pesadelo.

A filmagem de Apocalypse Now, adaptação do complexo romance O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, foi um inferno no qual aconteceram todos os problemas, técnicos, econômicos, pessoais e climatológicos, imagináveis.

O orçamento disparou, o protagonista, Martin Sheen, sofreu um infarto, os cenários foram destruídos por uma tempestade tropical, a filmagem eternizou e os trabalhos de pós-produção não ficaram atrás, tanto que ele só foi lançado cinco anos depois O Poderoso Chefão - Parte 2, em 1979.

O resultado é um filme obscuro, complexa e difícil, com interpretações impressionantes, especialmente de Marlon Brando, fotografia e música espetaculares, que foi imediatamente considerado uma obra prima e ganhou outra Palma de Ouro em Cannes.

Após este complexo processo, porém, Coppola começou outro projeto que não seria menos complicado e que iria mudar sua trajetória profissional: O Fundo do Coração (1982), um musical que foi um gigantesco fracasso comercial.

Coppola perdeu seus estúdios, sua casa e seu patrimônio e teve que aceitar trabalhos sob encomenda para poder pagar as dívidas, como Cotton Clube (1984) e Peggy Sue - Seu Passado a Espera (1986).

Mesmo assim, também teve tempo para rodar filmes estupendos como O Selvagem da Motocicleta e Vidas Sem Rumo, lançados em 1983.

Ainda sem sair de sua crise econômica decidiu fazer a terceira parte de O Poderoso Chefão (1990), muito menor do que as duas primeiras quanto à qualidade e às ambições.

Drácula de Bram Stoker (1992), Jack (1996) e O Homem Que Fazia Chover (1997) foram alguns de seus seguintes trabalhos, nos quais seguiu mostrando talento, mas sem encantar como fizera anteriormente.

Agora, à espera do estreia de Tetro, ele dedica-se também à produção, como, por exemplo dos filmes de sua filha Sophia, que também despontou como diretora.

No entanto, Francis Ford Coppola, mantém claras suas prioridades. Amo o cinema; gosto de outras coisas, como o vinho e a comida, mas o cinema é mágico e eterno. Sempre aprendo coisas boas.



2 comentários:

Murilo Costa disse...

fico aqui no aguardo, Coppola é um gênio, claro, mas oscila mais que alguns outros mitos do cinema.

e atenção pra quinzena dos realizadores, muitas vezes o melhor de Cannes tá por lá.

Joaquim disse...

Estou com grande expectativa também, Murilo. Alias, o roteiro original desse filme, aparentemente, foi perdido quando a casa de Buenos Aires de Coppola foi roubada em 2007. Leu sobre isso?