segunda-feira, junho 08, 2009

Inácio Araujo

A primeira impressão da minha primeira visita ao Marabá agora revivendo como multi-sala, é boa. Para quem não é de SP ou não sabe: foi uma das principais salas do centro, ali na av. Ipiranga perto da São João, bem em frente ao Ipiranga. Era o coração da Cinelândia, digamos assim. Ultimamente, não era nada. Só um monte de salas fechadas.

Então, vamos lá: o hall de entrada foi preservado tal qual, inclusive estão lá as portas de entrada do cinema original. Um senão do qual não se pode escapar hoje em dia: a bombonière, enorme, no centro do hall. Pensando bem, podia. Era possível instalá-la mais na lateral, mas acho que isso contraria a crença de alguns donos de cinema, segundo a qual o mais essencial da sala é a pipoca.

A segunda impressão é mais duvidosa: é difícil encontrar os filmes que estão sendo exibidos e os horários. Pior, na bilheteria a moça me oferece como parte do troco dois bombons. Isso não existia mais. Pelo menos eu não via há muito tempo, não só em cinema. Será que por ser um cinema popular alguém (os donos ou a bilheteira, ou o gerente, sei lá) se dá o direito de vir com essa história pré-histórica de que não tem trocado. Nem chofer de táxi mais recorre a isso. Tinha que ser no cinema. A propósito: no sábado, inteira, R$ 14.

A terceira: ver um público popular, que não é de shopping, muito diferente. Um público misturado, homens, mulheres, os mais arrumados, os informais, se vêem negros (desgraçadamente muito raros em cinema hoje em dia) inclusive. De onde vêm essas pessoas? Moram no centro, perto dele, costumam ir ao cinema, não iam por falta de sala? Os funcionários são modestos, uma modéstia que se vê no rosto, e muito simpáticos, nada a ver com certos funcionários de cinema dos shoppings, que parecem treinados para ser mais pedantes que os frequentadores.

Quarta: a entrada para as salas de baixo é em ligeiro declive que termina, claro, em outra bombonière. Me pareceu solução simples e de decoração agradável. Para as de cima se sobe pelas escadas antigas, dando para o antigo hall superior, também preservado. A sala me pareceu um pouco esquisita, com um problema freqüente nos Cinemark, que é aquela entradona central. Dá a impressão de que você nunca vai encontrar um lugar de que veja bem. Mas acaba encontrando mais fácil que no Cinemark.

Quinta: o filme que eu fui ver. “A Mulher Invisível”. A esse voltarei mais tarde. Para resumir: dá vontade de chorar.

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