Notas Sobre a Câmera RED ONE
Saiu na abcine o artigo escrito pelo fotógrafo Affonso Beato, ASC, ABC sobre a Red.
Vale a pena conferir.
Notas sobre a Camera RED ONE
por Affonso Beato, ASC, ABC
Essas notas foram compiladas a partir da apresentação da camêra para o Comitê de Tecnologia da ASC – American Society of Cinematographers, em 1º de Maio de 2008 no auditório da Academy of Motion Picture Arts and Sciences em Los Angeles.
Todas as notas se referem ao modelo 15 da camêra.
Antes da apresentação, houve uma demonstração informal tanto da camera, como do hardware/software SCRATCH, que propõe decodificar os arquivos .r3d , corrigí-los, criar looks e exportar para dailies para Avid e/ou para DI em formato .dpx. O preço do SCRATCH é de aproximadamente US$32.000
A camera em seu modelo 15, com visor eletronico, on board monitor acoplado e com dois discos rígidos acoplados, ficou disponível para operação e testes com um modelo iluminado em cenario com varias cartas de côr e cartas de resolução . Varios testes foram gravados e transferidos para o SCRATCH e diversas correções e looks foram alí simulados.
A apresentação foi conduzida por Ted Schilowitz, um de seus desenhistas.
Características nominais do RED MYSTERIUM SENSOR:
Single CMOS Bayer chip com formato Super 35 balanceamento 5500 K (daylight)
Dynamic Range ( latitude ) 10 stops ou 66db
Compression: 10:1
12bit wavelet encoding of 4K raw files - .r3d
Visual lossless
True 4K resolution at 30mB/s
Output in SDI for external monitor
P/L mount
Realtime Partial Framesize decode at 1K and 2K
à 30fps – 4K
à 60fps – 3K
à 120fps – 2K ( no modelo 15 )
Recording:
Card 8GB 4.5min in 4K
Hard Disk: 2.5h in 4K
Decoding software : RED ALERT + REDCINE (free software)
A camera se comporta como uma camera de still produzindo arquivo RED RAW (.r3d) em espaço de côr REC 709 (espaço HD). O arquivo (container) contem a informação e um complemento (metadata) com as codificações.
Foi apresentado um demo clip de 9 minutos fotografado por Tony Richmond, ASC, BSC encomendado pela 20th Century Fox para avaliação. A projeção constou de uma versão em filme com DI feito pela Laser Pacific e uma versão DCP (digital cinema) projetados num Sony SXRD 4K.
Após a projeção a discussão sobre as características e visualização foram mediadas por Curtis Clark, ASC , Chairman do Comitê de Tecnologia da ASC, que estará na Semana ABC 2008.
O ASC Technological Committe é formado na sua maioria por membros associados, engenheiros e cientistas dos diversos fabricantes de equipamentos e serviços do audiovisual americano. O diretores de fotografia são minoria nesse comitê.
Estavam presentes representantes da Sony, Panavision, DeLuxe, Technicolor, Efilm, Laser Pacific, Assimilate, Kodak, Arri, entre outros.
A primeira consideração é que a camera não pode ser considerada 4K, nos atuais padrões de apresentação da industria, já que o samplimg do sensor Bayer de quatro elementos por celula, entrega dois elementos em verde , um elemento em Azul e um elemento em Vermelho. Ela então seria uma camera 2K com 4:2:2 ou uma camera 4K 2:1:1. Testes em MTF mostraram que o sensor responde como 4:2:0 , com uma deficiência na resolução do canal vermelho, o que faz sentido quando seu desenhista e diretor de marketing Ted Schilowitz , revela que o sensor é balanceado originalmente para daylight.
O comentário de um dos engenheios da Sony foi que se a RED é 4K, pela mesma teoria o projetor Sony seria 12K, e todas as outras cameras do mercado que se rotulam 2K 4:4:4 (sem compressão) seriam 4K puros….
A perda de resolução no canal de vermelhos fica clara, no excesso de moirê produzido nas panoramicas de cenas em altas-luzes (daylight high key).
Acompanhei no SCRATCH os testes feitos no dia pelo colega Bill Bennet, ASC sub-expondo varios stops e ficou claro que a latitute do sensor não é de 10stops.
O segundo stop de sub-exposição, quando apresentado no SCRATCH, se assemelha à 4 stops de filme. A falta de latitude no balanceamento quando a camera está em Tungsten Mode (balanceada para 3200) é com uma exposição em 320 ISO fica patente, pelo sensor ser originalmente balanceado para daylight e a perda no canal de vermelho for a mais alta.
Ficou claro tambem que os matizes de côr (color gamut) ficam comprometidos já que o arquivo original da camera entrega o gamut REC 709 que é o espaço de côr para sistemas em HD , não tão complexo como o Film gamut, que é completo.
Quando se aumenta o frame rate ( high speed ), o software divide o sensor em menores areas, fazendo com que a distancia focal das objetivas se multiplique por dois em 60fps ( resolução nominal 3K) e se quadruplique em 120fps (resolução nominal 2K) ou seja, se usarmos uma objetiva 25mm em 30fps, ela se tornará uma 50mm em 60fps e uma 100mm em 120fps. Visualmente a resolução em 120fps é sofrivel e se assemelha à 1K.
Esses comentários são de nível tecnólgico e servem à meu ver para conhecermos as possibilidades e limitações da camera em sua versão atual. Segundo Ted Schilowitz, que assina, Leader of the Rebellion da RED Digital Cinema, o sistema RED está em permanente evolução e seus novos firmwares são atualizados e entregues aos atuais proprietários de versões anteriores.
Não podemos deixar de nos entusiasmar por um equipamento que entrega uma imagem bastante nítida por um preço de aquisição de apenas US$18.000 (corpo) + US$2500, (RED zoom lens) + acessorios, o conjunto com monitor e visor por volta dos $ 30000.
Ted Schilowitz, anunciou que em quatro meses estará lançando a RED EPIC com menor compressão do que 10:1 e com o preço aproximado de US$40.000.
No entanto é importante saber que existem no mercado equipamentos digitais, com maior performance , principalmemte no que diz respeito à finalização em Digital Intermediate de longa metragens com distribuição em cópias no processo foto-químico.
Esperamos maiores discussões sôbre o assunto na Semana ABC 2008, onde estão programadas palestras, sobre Filme x Digital, apresentação e hands-on na RED e Silicon Image em cenário iluminado com modelo e cartas de côr além das palestras sôbre Color Space e o ASC CDL por Curtis Clark, ASC.
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